Muy amigos!
A internet é um fenômeno paradoxal ao extremo, causando minha perplexidade em diversas situações. O caso que maisme afeta agora é o das amizades. Veja só:
Minha namorada acaba de decretar que virou ex (inclusive, ela leu o texto "Morto" e achou que era direcionado a ela... Contudo, não soube ler "Mitologia", para saber os reais sentimentos que a ela se destinam) e preciso de amigos pra conversar. Na minha lista do MSN (esse câncer digital) constam 16 pessoas OnLine, dentre elas algumas pelas quais tenho o maior apreço, e considero (ou considerava?) amigos de coração. Pois bem, preciso de ajuda, me sinto um farrapo, um pária, um refugo... Falei com alguns, e tudo que ofereceram foi uma conversa fria, impessoal. Disse-me outro (o único que tolera meus devaneios textuais) que até ficaria mais, mas o pai mandou-o dormir. Está certo, não posso julgá-lo. Mas por um amigo, um amigo de verdade, desafiaria pai, governo, inferno... tudo, enfim. Por que não há nada mais negro que um coração pesado com a mágoa.
Os outros foram piores. Três moças, flores de pessoa (ou ao menos achava eu que o eram), me ofereceram breves diálogos na temperatura dos pólos, ameaçando-me (com boa intenção) com uns tabefes uma delas. As outras descontinuaram a conversa, impassíveis, insensíveis. Quando não se tem o que dizer, diz-se que faltam palavras.
Outros ainda sequer responderam, um homem muito iluminado e uma moça que parece temer-me.
É engraçado... Mas, faz pouco tempo, coloquei no mesmo MSN, como parte de meu nick um texto que dizia precisar eu de amigos, mais de meia dúzia ofereceu-se. Os mesmos que hoje estão aí, sem oferecer sequer os ouvidos, quanto mais um abraço ou uma conversa.
Agora, vejo com clareza, não estou morto para alguns poucos. Morri para todos, até para mim. A vida é um longo (podendo ser abreviado) caminho escuro onde as conveniências fazem mudar tudo, até a compaixão.
Melhor morto que com amigos como vocês, cambada de ingratos.
1 Comments:
Elogio básico e sem nenhum resquício de puxa-saquismo: mesmo fazendo uma crítica pessoal a seus amigos, você consegue transformar isso num texto legal. Juro que me admira.
Quanto a minha atitude em relação ao teu problema... talvez você não faça idéia do quanto senti por você, o quanto pensei no seu problema enquanto dormia. Provavelmente, se fosse religioso, rezaria por você. Mas não é o caso. Enfim. Meu pai realmente me chamou para dormir e estava prestes a desligar o modem no escritório dele, e eu de fato estava tentando convencê-lo da gravidade da situação e do quanto você precisava de palavras consoladoras.
Mas não pude. Tive que lhe deixar sozinho. Crueldade, ainda que não proposital, mas esse tipo de incidente faz com que possamos descobrir nossos verdadeiros amigos ou a natureza daqueles pelos quais já tínhamos admiração.
Espero não ter lhe magoado. Depois entro no MSN (estou escrevendo isso entre uma lição a ser corrigida e outra, aqui onde dou aula, escondido) e conversamos mais a respeito.
Conte comigo. Sempre.
Seu amigo há quase dois anos (exatos dois anos no dia 22 de novembro),
Gabo.
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