terça-feira, 4 de abril de 2006

Tristeza...

O texto abaixo (adaptado) escrevi em um e-mail para minha namorada, contando o que ocorrera e me deixara bastante abalado. Algumas semanas antes ela me contou sobre uma senhora que comprara ovos em sua loja por serem mais barato que carne. Aquilo ficou em minha cabeça, muito me inquietou, e há alguns dias aconteceu o relatado abaixo, que só fez me deixar mais triste. Quero postar isso logo, pra ver se consigo não pensar tanto nestas coisas.

Sentamos na pracinha em frente do colégio para comer e, quando comíamos, passou um senhorzinho bem pobre, aparentemente morador de rua. Falou algo que nem eu nem minha mãe entendemos, pois passaram muitos carros bem naquela hora. Minha mãe só respondeu “hoje não” e ele se foi, virando as costas e retomando seu passo lento, com as roupas velhíssimas (vestia um casaco azul e uma calça meio bege claro desbotada). Ficou na volta de algumas pessoas, sem falar... sentava calado e triste num canto, perto de outras pessoas comendo cachorros-quentes... Ficamos observando e aquilo me doeu muito (e creio que à minha mãe também), um senhor tão solitário, tão desamparado... Minha mãe falou com ele, disse para que não saísse dali, pois ela ia comprar-lhe um lanche.Voltamos à barraquinha e compramos outro cachorro do mesmo tipo. Retornamos à praça e lá estava o tiozinho, no mesmo lugar, com o olhar perdido... Minha mãe entregou a ele o cachorro e eu dei o resto de meu refrigerante (tinha uma quantidade razoável, mas teria deixado até mais se soubesse que daria pra ele). As mãozinhas dele tremiam quando recebeu as coisas. Agradeceu (disse algo com Deus, mas não acho que era “Deus lhe pague”) com uma voz difícil de ouvir e fomos embora com os olhos cheios d’água. Vimos que ele estava com fome quando entregamos, sabe? A imagem ainda tá na minha cabeça... Indo embora ainda vimos uma moça dar uma garrafa d’água pra ele. Corta-me o coração ver coisas assim, me deixa maluco, triste, enraivecido.

Mas nem tudo é tristeza...

Assim disse Gustavo @ 10:29 PM   1 comentário(s)

1 Comments:

Em 14 de abril de 2006 às 12:22, Blogger Gabriel M. Faria comentou:

Lindo, Gustavo, lindo.

Os exilados da sociedade não são planejados por nossa burocracia capital. Resta a nós, cidadãos, ajudá-los. Você descreveu bem isso.

Sim, eu ainda existo, meu amigo.

 

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O Autor

O autor
Nome: Gustavo Ribeiro
Lugar: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Um cara aprendendo com a literatura e as culturas de outros países e do meu. Sempre aprendendo, sempre vivendo como se fosse o último dia.

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