Relato de uma emoção forte (reescrita)
Eis a segunda reescrita. Pude escolher entre este tema ou Relato de um acontecimento que provocou um aprendizado, e optei por esta por a segunda ter sido mais bem recebida (trocando em miúdos, terem reclamado mais da e criticado mais a minha primeira escrita deste tema). Esse texto recebeu conceito C. E eu até agora não me conformo com essa nota... Está tão ruim assim?!
“Wish I could hold you
The way that I want to
Coz no one, can love you, like I do”
Lemar - “Someone Should Tell You”
Linn diz:
Senti a coisa mais linda da minha vida hoje, mas foi triste...
Blume diz:
Oh, o que foi, amor?
Linn diz:
Chorei de saudade de ti...
Estava no carro, como carona, e o rádio tocava uma música do Lemar. A letra não tem a ver com saudade, fala de um amor ainda não declarado, o que não é o caso do nosso. Mas a voz dele, tão suave e envolvente, melodiosa e o grande vazio de ti que existe dentro do meu curto alcance, fizeram isso pouco importar. As palavras são lógica e a lógica é o que menos importa ao sentimento.
Linn diz:
A saudade desses dias sem te ver é abissal, aterradora, mas, até então, eu conseguira mantê-la sem que o coração transbordasse em lágrimas e elas escorressem pelas janelas da alma. Mas quando a música começou a tocar na rádio, senti que seria muito mais difícil desta vez. Minha tentativa de frear as lágrimas foi tão útil como escorar uma parede com um palito de fósforo.
Linn diz:
E, como o palito, eu me quebrei... Em choro.
Blume diz:
:(
Linn diz:
E as lágrimas, sorrateiras, escorriam. Uma, três, seis. Multiplicando-se como a própria saudade que representavam. Perdi a conta, mas elas corriam sempre juntas, como o caminho de nossas vidas, em par caiam, sempre uma da esquerda acompanhando uma da direita, o que eu nunca tinha sentido.
Blume diz:
Ai, que lindo isso!
Linn diz:
Agora a emoção era tanta que as lágrimas saiam ligeiras, o oposto do tempo, que não passa quando estou longe de ti.
Linn diz:
Respirava fundo, e o motorista não mudava de estação. Entreguei-me e nem quis enxugar os olhos úmidos. Acho que a verdadeira dor não se enxuga.
Blume diz:
E o motorista não disse nada? Nem perguntou se tu tava bem?
Linn diz:
Não. Não fez nada, não disse nada, só continuou olhando para a frente e dirigindo. A emoção de uns não consegue transpassar a insensibilidade de outros.
Marcadores: Leitura e Produção Textual, UFRGS
2 Comments:
Uou, a descrição do significado das palavras foi um lampejo de genialidade, sem dúvida. Muito bom isso. A descrição ficou muito boa, muito, muito boa, mas não pareceu muito com uma verdadeira conversa de MSN. Isso, porém, não tira a beleza do texto. Aliás, ficou muito, muito belo.
Minha opinião é suspeita, porque estou apaixonado, mas é o tipo de escrita que rasga corações, que faz a paixão pingar pelas gotas de papel, mesmo, coisa muito - MUITO - difícil de conseguir. Você conseguiu.
Meus sinceros parabéns.
Não parece com uma conversa de msn, sabe. Mas eu acho que tu conseguiu extrair uma essência já perdida no tempo sobre o que é a natureza crua do amor no ser humano, e, cara. Isso é lindo.
Parabéns.
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