O alvo (pequeno histórico narrativo)
Escondido pela noite e por seu casaco impermeável e seu chapéu, observou à sua volta antes de verificar se a porta estava aberta. Não estava, mas com um grampo de cabelo abriu a porta; depois, fechou-a atrás de si sem que ninguém o tivesse visto entrar.
Ali dentro estava quase tão escuro como lá fora, mas trazia consigo sua lanterna. Procurou pelo grande móvel de metal e quando o achou tirou dele uma pasta. Colocou-a sobre a mesa, aberta, e pôs-se a analisar os papéis que estavam dentro dela.
Ali havia informações sobre o alvo: formado em escola particular, o que mais gostava de estudar era interpretação e, principalmente, redação de textos. O curso de Letras não foi sua primeira opção – leu isso enquanto puxava a cadeira e sentava-se, sem desviar o olhar das informações – mas encontrara seu lugar ali. Trabalhava agora como tradutor e revisor freelancer sem saber muito bem aonde o curso vai lhe levar.
Era uma ficha confusa, provavelmente porque o próprio homem por trás da ficha era confuso e prolixo. De modo que pulou a leitura de algumas informações, aborrecido. De repente voltou atrás, porque se lembrou de ter visto algo sobre tradução. Sim, tinha mesmo visto. O rapaz escrevera, num dos textos anexo à pasta, que escolhera ser tradutor porque gosta de textos: de lê-los, escrevê-los... e também porque assim, por meio da tradução, pode-se levar o texto a mais gente, divulgando a cultura e o conhecimento.
Parecia um bom homem, pela ficha. Seria uma pena, mas tinha de ser assim. Saiu dali sem botar nada em seu lugar, deixando até a porta aberta. Parou um momento e conferiu se trazia a arma no bolso. Continuou a andar e veio em meu encalço.
Marcadores: Produção Textual I, UFRGS
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