domingo, 23 de setembro de 2007

Eu digo não ao chega


Chega de rinhas!
Chega de poluição!
Chega de violência!
Chega de impunidade!
Chega de tanto imposto!

Eu digo não ao nazismo!
Eu digo não à Lei Seca!
Eu digo não ao racismo!
Eu digo não ao preconceito!
Eu digo não à desigualdade!

São frases como essas, impetuosas e imperativas, que vejo com freqüência em adesivos, buttons, camisetas, apliques em mochilas e muitas outras mídias. As frases são claras, curtas, diretas, e parecem bradar as mensagens que carregam, geralmente ilustradas com desenhos coloridos e simbólicos: é quase um movimento cara-pintada moderno.

Nada de errado há em demonstrar seu descontentamento, seu inconformismo com as situações sociopolíticas da nossa contemporaneidade: é direito, é justo, é até louvável que movimentos assim surjam e deixem claro que não estamos todos contentes com tudo. Demonstrar e divulgar esse descontentamento é importante para fazer cientes os menos inteirados das questões que influem e modificam nosso sistema social, mesmo que nem todos concordem com nosso ponto de vista.

O que me parece incongruente, contudo, é que sentimentos aparentemente tão pertinazes traduzam-se somente em divulgação, em alarde até. Ora, se a questão é de fundamental inquietação para o indivíduo a ponto de que leve sempre consigo a expressão desse sentimento, deve ser algo realmente comovente! E tudo que comove: move, ou seja, impele a agir.

Agir. Eis aqui o que me surpreende. Vejo os adesivos, os buttons, as camisetas... Só não vejo ação. É claro que eu não pretendo generalizar, seria injusto e insensível se o fizesse: existem pessoas sob alguns destes slogans que de fato vão além de aderir à causa e que despendem força e energia por ela. Mas muitos são aqueles que se dizem revoltados com estado das coisas, mas o fazem como se tomados por uma inexplicável e insensível automatização, que desaparece tempos depois. Colam os adesivos, prendem os buttons, vestem as camisetas, mas é só.

Acredito que qualquer descontentamento deva ser direcionado a ações, ações que tenham como meta a mudança. Mais do que divulgar certa causa é preciso agir para que o movimento ganhe credibilidade e confiança do resto da sociedade. Há de se promover o esclarecimento da questão e tomar atitudes para que vejam: este grupo trabalha. “Se eles se doam de tal forma a uma causa deve haver algo realmente pungente nela”, é isso que deve pensar quem ver o grupo em movimento. E, de mais a mais, se há reclamação, há incômodo. E de que adianta reclamar do incômodo se nada se faz?

E não é preciso começar com muito: pequenas ações são um princípio honesto e justo. Não é preciso grandes protestos, gastos com publicidade. A princípio, creio eu, o que é necessário é deixar claro seu descontentamento e divulgá-lo aos outros, que podem então revelar concordar consigo.

Não precisa ser nada grande. Pode até ser um texto num pequeno blog que diga: Eu digo não ao chega!

Assim disse Gustavo @ 7:05 PM   0 comentário(s)

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O Autor

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Nome: Gustavo Ribeiro
Lugar: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Um cara aprendendo com a literatura e as culturas de outros países e do meu. Sempre aprendendo, sempre vivendo como se fosse o último dia.

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