sexta-feira, 26 de agosto de 2005

Feijoadas e mães... Parte 2

Maria, a mãe de Deus

Antes que se entusiasme Gabriel (o único leitor não-ocasional do meu blog), devo dizer-te que apesar de levar o nome do texto que mais apreciaste aqui, este difere um pouco do predecessor. Não tem as mesmas características, não é narrado de forma igual (em verdade, nem narrado é!), não foi escrito em estado de humor muito semelhante ao outro. Mas é fundamental para compreender "Feijoadas e Mães" e muito do que tem me ocorrido ultimamente.
Não ocorreu-me naquela tarde de sábado o pensamento que fez com que "mães" entrasse neste título, mas sim aquela ocasião foi mais uma reiteração desta reflexão.
Como eram as mães há 50 anos atrás? Adoráveis senhoras de casa, com seus vestidos longos e donas de uma respeitável elgância (ao menos se comparadas com a "elegância" vigente). Cuidavam dos afazeres do lar, monitoravam o desempenho escolar dos filhos, recebiam o marido cansado do trabalho com a refeição pronta. Este, por sua vez, lia seu jornal e gastava um pouco de seu tempo ao lado dos filhos. O pai trazia o sustento à casa, mas a mãe era a própria estrutura do lar. Talvez fosse um pouco monótono, mas certamente havia suas delícias!
O que não consigo compreender e que sobremaneira me incomoda é como isto mudou e a família hoje é, praticamente, uma instituição falida! Pais, mães e filhos saem de casa pela manhã, cada qual com seu destino. Muitas vezes não se falam nem 15 minutos por dia, ocupados demais que estão nessa inclemente rotina da vida moderna.
Antigamente haveria a figura materna, a quem chorar se as coisas não corressem bem. Hoje em dia, porém, não há mais (exceto para alguns indivíduos de sorte). Não há mais a mãe a fazer a feijoada, só a descongelar as comidas pré-prontas entre o intervalo de um turno de trabalho e outro.
Na antiga estrutura familiar, os filhos lidavam com a severidade paterna e o zelo materno, por vezes excessivo mas indubitavelmente doce. Havia um eqilíbrio! A sociedade moderna acabou por perverter isso. Pais trabalham demais, mais trabalham demais. O que sobra são pessoas cansadas e que, por vezes, "não têm tempo" prá serem mães típicas, aquelas mães no sentido mais carinhoso da palavra. Não toco nas funções patriarcais pois estes não sofreram grande mudança em seu modo de agir. Por mais incrível que pareça, estão tornando-se mais maternos até! Gastam mais tempo com seus filhos (e tempo de qualidade, não só assistir o Jornal Nacional exigindo silêncio do filho que se senta ao lado, quase mendicando atenção) do que faziam no passado.
As crianças estão crescendo em creches, os adolescentes tiram suas dúvidas com a internet e os amigos (tão ignóbeis quanto eles) e os adultos acabam por não ter a quem ligar e perguntar sobre aquela receita, já que a mãe "saiu para a noite". A meu ver é mister que voltem as mães de antes, menos preocupadas em re-viver suas juventudes e mais atentas à atenção, ao cuidado do lar.
A família como um todo está a se deteriorar, mas a mãe, como estandarte de tudo que a família representa (proteção, conforto, calma...) mostra bem o processo cruel pelo qual a mais importante forma de grupo social passa (incluindo as separações, que sobrecarregam mais as mães e mais as afastam da imagem da Mãe, com "M").
Sim, sim... Chamem-me de moralista! Taxem-me de retrógrado! Mas entenderão que digo quando a panela estiver ao fogo e a memória não estiver clara quanto ao malho que acompanha essa receita...

Assim disse Gustavo @ 12:55 AM   4 comentário(s)

sábado, 13 de agosto de 2005

"Admiração"? Tá mais prá "falta de visão..."

"Idolo" remete a "idolatria" (no significado figurado " amor excessivo, admiração exagerada ") e Fã, creio eu, tem sua origem em Fanático (do latim: fanatìcus,a,um 'que pertence ao templo, que é inspirado pelos deuses, entusiasmado, apaixonado', pej. 'louco, delirante, furioso, fanático';). Tais sentidos são bastante pejorativos às vistas daqueles admiradores ardorosos de determinados artistas.
E claro, não há nada de mal em admirar uma pessoa e querer possuir, tal qual o admirado ser, certas qualidades, ou procurar em outros estas qualidades. E bastante saudável, creio eu (embora esteja longe de ser um psicólogo das massas) admirar os Beatles pela revolução que criaram, ou a Celine Dion por sua voz (embora, quero deixar isto bem claro, me refiro a ela somente para ilustrar este artigo, pois não consigo ouvir a voz desta canadense por mais de 5 segundos sem ficar amplamente desconfortável).
O que preocupa-me, e que tenho visto com uma certa freqüência, é o interesse pela pessoa além do artista. Há cerca de um mês, sou moderador de um fórum na internet sobre a cantora Joss Stone. E, desde lá, por ser minha obrigação verificar cada mensagem postada por membros, venho me espantando com a fixação dos usuários e a futilidade da informação discutida. Honestamente, causa-me quase náusea ver a vida privada de uma pessoa pública ser revirada e chafurdada da forma como o fazem os usuários mais presentes. Acho normal e batante interessante que discutam sobre shows, sobre músicas, sobre os problemas voicais e e etc. Mas de que diabos interessa saber que a moça ganhou um poodle de seu namorado? Ou se ela falha em seu teste de direção?
A mim, isto soa como um escapismo de vidas medíocres, que se direcionam a esmiuçar a intimidade de um artista, sugando de sua existência tudo o que possa proporcionar algum entretenimento. Porém, esta é uma postura egoísta e que só faz erodir um determinado artista.
Estes verdadeiros fanáticos, por buscarem algo que os faça esquecer de suas vidas irrelevantes, exigem do artista mais do que ele lhes oferece, que é sua arte. Eles anseiam por um pedaço do ídolo. Mesmo que, com isso, acabem por destruí-lo.

Assim disse Gustavo @ 5:05 PM   3 comentário(s)

sábado, 6 de agosto de 2005

Fab Four? Não, Fab Eleven!




Liverpool: A Capital Européia da Cultura do ano de 2008. Situada ao Noroeste Inglês, a cidade é a casa da mais famosa corrida de cavalos com obstáculos do mundo, a Grand National, e tem o orgulho de ser a lar da maior banda de todos os tempos: The Beatles.
Contudo, há um grupo desta cidade que entrou para a história há algum tempo, e não são jockeys ou músicos: São os homens do Liverpool Football Club. Apelidados de Reds (Vermelhos, na língua Inglesa), o time comandado por Rafael Benitez deu uma demonstração da verdadeira alma de uma equipe e, me atrevo a dizer, uma lição para muitas vidas (inclusa a minha).
Não, ao dizer isso não estou tomado de forma alguma por uma cega admiração aos Reds e, sim, apenas fazendo-lhes justiça. Ao chegar às semifinais da Copa dos Campeões da Europa, o time inglês teria uma dupla de partidas com a sensação do campeonato Inglês daquela temporada: O Chelsea FC. O Chelsea não só estava em uma confortável 1ª posição na tabela da Premiership como era comandado por José Mourinho, um treinador português que levou o Porto ao título da Europa no ano anterior e conduzia pelo mesmo caminho o time azul.
Se defendendo bem na partida longe de casa (detendo até mesmo Lampard) e mostrando quem é o dono do Anfield ao vencer por 1 x 0, os Reds avançaram. Na outra semifinal, o Milan venceu desmerecidamente o PSV da Holanda e classificou-se. (Palavras de um amigo meu fanático pelo Milan, que até fez de "Most undiserved win of the History" o seu nick no MSN Messenger).
Aí, era certo... Como poderia um time que nem estava entre os 3 primeiros do seu campeonato nacional bater o todo poderoso e repleto de estrelas (como Dida, Cafu e Kaká, apenas para citar os brasileiros que estão na seleção) Milan? Os fórums do próprio site da UEFA já estavam lotados de torcedores milaneses entusiasmadíssimos, dando como certo o título.
E chega o grande dia. Um Milan arrasador faz um 3 x 0 inacreditável no primeiro tempo, coisa que nem o maior fanático pelo time da capital da moda italiana imaginaria.
Aí é que entra o mérito do Liverpool: O time poderia fazer como a maioria esmagadora: desistir. Afinal, era um time 5 estrelas o adversário e 3 gols é uma diferença bastante significativa.
No segundo tempo, surpeendendo a todos o time inglês diminui a diferença com gols do capitão Gerrard (aos 9 minutos) e pelo checo Šmicer (aos 11). O goleiro polonês Jerzy Dudek impedia que a diferença fosse ampliada. E, aos 15 minutos da etapa complementar, o espanhol Xabi Alonso empata a partida. A partida permanece assim, tensa, até o final. 90 minutos e 3 x 3. Pênaltis. Tensão total. Nada menos que 3 cobradores do Milan erram seus chutes, enquanto os cobradores Vermelhos são muito mais eficientes. Liverpool campeão! Vitória de um time cujasestrelas você pode não conhecer, mas que se fizaram brilhar no palco da final, em Istambul.
A lição que tiramos disso? Bem, ao menos eu tiro a lição de que não importa se outros têm muito mais e se muitos acham que já estamos perdidos. Se deixarmos de lado a postura derrotista e trabalharmos com afinco, poderemos mudar as mais desfavoráveis situações. Talvez não seja possível vencer todas as dificuldades, ms certamente se vencermos, deixaremos uma bela lição e angariaremos um pouco do respeito que nos é devido.

O capitão Steven Gerrard, símbolo do esforço do time de Liverpool

Assim disse Gustavo @ 6:58 PM   1 comentário(s)

O Autor

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Nome: Gustavo Ribeiro
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