Apresentação Pessoal
O texto abaixo foi feito como parte das avaliações da Disciplina de Leitura e Produção Textual, da professora Daniela Favero Netto. Consiste no primeiro Trabalho de Escrita e Reescrita, ainda em sua primeira fase.
Apresentar-se é, em parte, definir-se e, também em parte, se expor. Pela natureza hedonista do ser humano, é normal que apresentações, tanto orais como escritas (e de qualquer outro meio) reflitam o melhor do apresentado. A maior das concessões é um ou outro defeito, dos menores, pra que não digam os que ouvem ou lêem que o sujeito é um presunçoso. No entanto, a mim não interessa esse paradigma. Mais adiante, saberão a razão.
Mas não posso deixar de dizer, sem receio de que isso soe como vontade de ser conhecido como mártir, que sou um sobrevivente. Isso faz parte da minha história. Sobrevivi aos métodos contraceptivos da época de minha geração, que não puderam conter minha gana de viver. No início da minha infância, um quadro de hidrocefalia foi diagnosticado
Fatos como esse (além de não conseguir caminhar, enxergar e até respirar corretamente sem pequenos apoios) e as precauções que ele exige é que me trouxeram até aqui, na Letras. Sem poder aprontar tudo que as crianças “normais” aprontam (correr, virar cambalhota, praticar esportes muito dinâmicos), voltei-me para a leitura e tomei gosto pela escrita.
Mas não sou aceito na casta dos grandes pedantes do Instituto de Letras, pois não li os mesmos livros, não me encantam os mesmos filmes, e por não querer bancar o intelectual. Também não lembro nada de próclise, ênclise, mesóclise... e nem me pergunte qual a regra dos porquês! E mais: não entendo a rixa entre lingüistas e gramáticos, que me faz pensar que o ser humano deveria olhar menos para as ciências (exatas, humanas, o que for) e mais para a pessoa do lado.
O problema é que andam todos meio paranóicos. Olhar para alguém em um ônibus e sorrir é quase garantia de receber de volta um cenho franzido e uma expressão de “Ih, olha esse maluco, querendo ser simpático!”. É por isso que não foi um tom simpático o de minha apresentação: quem sabe assim não recebo desconfiança como troco de uma intenção sincera. Com certeza Nelson Rodrigues estava certo: "Quero crer que certas épocas são doentes mentais. Por exemplo: - a nossa.".
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