sexta-feira, 9 de dezembro de 2005

Mitologia

Érato

Érato, a Amável, uma das nove Musas gregas, caminhava com olhar fixo no horizonte e pensamento muito mais distante,em meio a um campo florido. Perdia-se em reflexões, considerações, desejos. Imaginava por que não poderia ela mesma criar obras de beleza, por que razão haveria de sempre proporcionar tal prazer apenas aos mortais.

Sentando-se à sombra de uma frondosa árvore, decidiu-se por ousar, e principiou a expressar através de si mesma toda a inspiração que guardava. Escreveu sobre olhos amendoados e dotados do brilho que nem mesmo no carro de Apolo luzia semelhante; discorreu sobre curvas e apêndices, seios e ventre, mãos e pés. Dedicou especial atenção e zelo aos lábios e ao sorriso por ele emoldurado. Tudo em verso, como era natural daquele ser.

Finda sua obra, sentia-se maravilhada e satisfeita. Temendo, porém, ser alvo da inveja ou da repreensão das outras Musas, decidiu levar sua criação àquela que jamais seria admoestada se a tivesse gerado: Afrodite.

Dirigiu-se ao mar e, com um canto mavioso, clamou pela deusa. Esta surgiu de dentro das turbulentas águas do oceano, que se fizeram plácidas tão logo ela emergiu. Assim que Érato explicou o que a havia levado até ali, a deus da fertilidade, amor e erotismo a tranqüilizou, e declarou que guardaria a obra com muito zelo.

Ocorre que Afrodite achou que mal nenhum faria ler o conteúdo da obra. Leu. E apaixonou-se pelas palavras. Tão belas eram, que a fizeram derramar lágrimas. Copiosas lágrimas de real e pungente emoção. Várias destas lágrimas (repletas da essência da própria Vida) acabaram por cair sobre as palavras e, enquanto a filha de Urano descansava seu corpo divino da emoção, das páginas da obra banhada pela comoção, originou-se criatura formosa, bela a ponto de a própria Afrodite surpreender-se.

Percebendo a perfeição da obra que trouxera à vida, Kypris decide levar a bela obra, agora em forma de dama, à presença do grande Apolo, para que lhe desse o calor da vida.

Apolo cedeu-lhe uma ínfima parte do próprio Carro Solar. Ainda que quase insignificante, a parte concedida à mulher pelo condutor do Carro, foi mais do que o necessário. A alma agora dela continha calor demais, era preciso direcioná-la para algum ato que proporcionasse bom uso a todo este calor.

Decidiu-se então, que ela seria a amada de um jovem rapaz, carente de carícias, afagos e de uma boa alma que lhe compreendesse o espírito confuso e inquieto. E, embora ela ria e desconverse quando ele a chama de “fada” ou “anjo”, ele bem sabe que sua essência é divina.

Assim disse Gustavo @ 12:21 AM   3 comentário(s)

quarta-feira, 7 de dezembro de 2005

Tédio (com um T bem grande pra você)

"Bored", de Sean O'Hare


Moramos na cidade, também o presidente
E todos vão fingindo viver decentemente

Só que eu não pretendo ser tão decadente não


Tédio com um T bem grande pra você

Andar a pé na chuva, às vezes eu me amarro
Não tenho gasolina, também não tenho carro
Também não tenho nada de interessante par fazer

Tédio com um T bem grande pra você

Se eu não faço nada, não fico satisfeito
Eu durmo o dia inteiro e aí não é direito
Porque quando escurece, só estou a fim de aprontar

Tédio com um T bem grande pra você

Essa música acho que é da Legião Urbana... Mas o Capital Inicial tocou em seu recente especial para a MTV. Gostei e agora tou postando pois estou sem a mínima paciência prá atualizar este espaço.

Assim disse Gustavo @ 1:11 AM   2 comentário(s)

O Autor

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Nome: Gustavo Ribeiro
Lugar: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

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