domingo, 31 de dezembro de 2006

2006 foi "O Expresso de Chicago"

Gene Wilder e Jill Clayburgh, na melhor cena de "O Expresso de Chicago"


2006 foi, para mim, um ano excepcional. Amores, problemas, filosofias, aventuras, culturas... Um dos melhores anos que já vivi até agora. E, não me recordo quando exatamente, me ocorreu que o vivido por mim neste ano encontra um paralelo em “O Expresso de Chicago”, filme com o versátil Gene Wilder.

Alguns dos paralelos que tracei: Também entrei em meu “trem” (este ano) despretensiosamente, e vivi a viagem (a vida) me maravilhando com as coisas que nela ocorriam. Março foi o mês da cabine contígua e do “quero é deitar na grama deixar que você me ensine mais sobre jardinagem”. Um mês sensacional, inesquecível, etéreo.

Conheci pessoas estranhas, depois aliadas, e – guardadas as devidas proporções – “andei sobre o trem”, correndo muitos riscos, para descobrir a verdade, mesmo que seja verdade apenas para mim.

Mas o principal foi que, assim como o senhor George Caldwell, fui jogado do trem mais de uma vez. As dificuldades apareceram: uma, duas, várias vezes. Mas, perseverante como o personagem de Wilder, fui atrás do trem, do ritmo da vida não cessa para esperar por nós quando estamos meio zonzos. Os métodos que usei não foram tão heterodoxos e arriscados como os do protagonista do filme (viajar de carona com uma velhinha em um avião, aliar-me a um ladrão, etc.), mas demandaram esforço e não me trazem menos glória ou menor sentimento de satisfação.

Outro fator igual ao filme: o fim da viagem é mais rápido, aceleradíssimo e, por isso, assustador. Mas deu tudo certo, e consegui me esticar o suficiente para “cortar o mecanismo”, salvando o final feliz.

Agora estou nos segundos finais do filme, contente por ter feito minha parte e feliz. A atriz que encarna a mocinha indefesa, a mesma da cabine contígua, não é a mesma (fosse a comparação com um seriado e eu teria diversos exemplos para citar), mas pouco importa o único expectador desta película é o autor desta crônica e ele aprecia a troca. Contudo, não é confirmada a participação dela em meu próximo filme (tomara seja ela o que Richard Pryor foi para Wilder, companhia em muitos filmes). Estará ela no elenco?

2007 e o legado que 2006 deixou dirão!

Assim disse Gustavo @ 12:26 AM   1 comentário(s)

sexta-feira, 22 de dezembro de 2006

Para Núbia

Teu olhar é um universo
De profundo e lindo anil
És medalha, ele anverso
Expressão máxima feminil

Assim disse Gustavo @ 3:31 AM   0 comentário(s)

terça-feira, 19 de dezembro de 2006

O mundo em vermelho!


Última rodada da temporada de 1999. O Sport Club Internacional enfrenta o Palmeiras, no Beira-Rio, ameaçado de rebaixamento. Só a vitória salva o time porto-alegrense da segunda divisão. Há uma falta em favor dos colorados. Dunga, atualmente técnico da seleção brasileira de futebol, que geralmente fazia as cobranças de bola parada, vai para a área. A bola é alçada. Dunga cabeceia. Gol. O público no Estádio Beira-Rio irrompe em sua comemoração, "negligente, reluzente, espiralada", como diria Anaïs Nin. Tão justa, após sofrer durante boa parte do Campeonato Brasileiro com a ameaça de deixar a elite do futebol brasileiro. Já acompanhava os jogos do Inter desde algum tempo antes, mas gosto de pensar que foi a partir deste jogo que realmente me tornei um colorado.

Por isso é para mim (e para todo e qualquer colorado que sofreu com o time nos tempos ruins, incluindo aquele ano em que o único patrocínio era o de material esportivo, da Topper, e a camisa não continha nada além do brasão e do bordado da empresa de material) um júbilo inefável comemorar um título deste time. Ou, por outra, um título desta torcida, já que, segundo Nelson Rodrigues, o torcedor apaixona-se pela própria torcida, não pelo time, escudo, ou uniforme.

Quando acabou Inter 2 x 2 São Paulo, no Beira-Rio, em 16 de Agosto deste ano, eu era puro frêmito e exaltação. Acompanhei cada jogo que a TV aberta mostrou com o olhar fixo na tela. Os que ela não mostrou, acompanhei pela internet.

Com o título, foram embora jogadores considerados essenciais na vitória. Não chegou a ser um desmanche, mas perder Bolívar para o Mônaco da França, Tinga para o Borussia Dortmund da Alemanha e Jorge Wagner e Rafael Sóbis para o Bétis da Espanha certamente faz alguma diferença. Faz?

Bom, era de se acreditar que, sim, faz. Sóbis era o matador, Wagner o cobrador de faltas, Tinga o "motor" do time e Bolívar essencial na defesa. O Inter decaiu um pouco de produção no Brasileirão 2006 e não conseguiu alcançar o São Paulo, ficando com o vice-campeonato.

Os "idiotas da objetiva" previam: "Barcelona massacrará Internacional com suas estrelas"; "Inter não tem a mínima chance"; "Será chocolate espanhol"; e outras babaquices assemelhadas.

Claro, enfrentar o Barcelona dá mesmo um certo medo. Afinal, quase todo o plantel do time é de estrelas que fazem parte da seleção nacional de seus respectivos países. Mas se é para assumir uma postura derrotista, que sequer o time embarque para o confronto!

Chegou Dezembro, veio o Mundial Interclubes. Fatalmente, a final foi entre os times dos dois continentes mais fortes no futebol: Futbol Club Barcelona, campeão da Europa, e Sport Club Internacional, campeão da América.

Começa o jogo, pouco após as 8 da manhã do domingo, dia 17 de Dezembro. Um jogo, no início, surpreendentemente diferente do que se poderia esperar: Nem uma demonstração arrasadora de habilidade por parte das estrelas do time catalão nem uma pressão colorada muito efetiva. O Inter partiu ao ataque, mais que o Barça, mas sem sucesso. Ao menos o jogo transcorria sem violência.

No segundo tempo, Abel Braga, criticado pelos torcedores que crêem saber de tudo de futebol (não é e nunca foi o meu caso, sempre admiti não saber muito), substitui Fernandão, machucado, pelo ainda mais criticado Adriano "Gabiru". Mas Abel tem estrela. E Gabiru também. Aos trinta e seis do segundo tempo, ao receber passe de Iarley, marca o gol que tira gloriosamente o sorriso do rosto de Ronaldinho Gaúcho, antigo ídolo do maior rival colorado.

A partir daí, o Inter segura a bola e aguarda o som do apito. Em Yokohama, em Porto Alegre, na Austrália, em todo o mundo, urros de comemoração são desferidos como murros, violentos, impetuosos.

Hoje a delegação colorada chegou a Porto Alegre, trazendo uma bagagem mais pesada, pela taça de campeão, linda, reluzente, imponente, gloriosa. Desembarcou na base aérea de Canoas, a poucos quilômetros de onde agora estou sentado, escrevendo.

Agora a televisão mostra os carros do corpo de bombeiros conduzindo os jogadores e a comissão técnica ao templo da paixão alvi-rubra, o Beira-Rio, onde dezenas de milhares de torcedores aguardam os guardiões do brio colorado. Lá, um dos grupos que se apresentam desde aproximadamente o meio-dia recebeu uma folha de uma torcedora, que escrevera uma versão para o clássico gauchesco "Querência Amada", de Teixeirinha. Reproduzo abaixo, os trechos que consegui guardar na memória:

Deus é gaúcho/
De espora e mango/

É colorado/

Vermelho e branco/


Querência amada, meu céu de anil/

Neste Rio Grande gigante/

A estrela mais brilhante/

É aqui do Beira-Rio/


Agora, com vossa licença, vou ver a chegada deste orgulho encarnado. Presenciar a história é imperioso.

Assim disse Gustavo @ 2:47 PM   2 comentário(s)

sábado, 2 de dezembro de 2006

Tuas presilhas são teares








Tuas presilhas são teares
Tecendo os delicados fios
e, assim, eu sinto arrepios
por onde quer que tu passares

Tuas presilhas são teares
Tecendo os fios perfumados
Que entrelaçam, agrupados,
as teias para me cativares

Tuas presilhas são teares
urdindo o fio mais belo
É por isso que anelo
O momento de me beijares

Assim disse Gustavo @ 3:16 PM   1 comentário(s)

O Autor

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Nome: Gustavo Ribeiro
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