sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

25 anos sem Cortázar


Ontem completou 25 de falecimento de Julio Cortázar, o supremo cronópio.
Não estranhem que esse texto venha um dia depois do data certa. É que ontem eu:

- Peguei meu primeiro trabalho oficial como revisor
- Almocei no Restaurante Universitário do campus Saúde da UFRGS com minha mãe
- Comi com gula e curiosidade um pastel de santa clara
- Assisti "Harakiri" por completo
- Instalei uma versão do Nero 7 que consegui fazer funcionar

E, na verdade, minha homenagem não é esse texto, mas tudo o que fiz ontem.

Meu tributo é evoluir, abrir meus olhos cada vez mais para as coisas que não podem ser vistas só com os olhos, mas que devem ser vistas com a alma, com o corpo, com um gesto de jogar-se ontologicamente para frente. Meu tributo está na vontade de trabalhar com o texto, como ele, em apreciar uma refeição simples e boa com quem eu amo (como ele e Carol compartilharam a bordo do "dragão" Fafner), em provar algo novo, em finalmente assistir o filme que postergava e vencer as instalações famas que nunca dão certo.

Obrigado pela inspiração não só para a literatura, mas para a vida também, Julio.

Assim disse Gustavo @ 3:28 PM   2 comentário(s)

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Inexpressão

Para mim é cada vez mais difícil começar um texto, começar a contar o que quero contar, e agora é ainda pior, porque como é que se conta que já não se consegue contar, que é cada vez mais difícil erigir entre mim e os outros uma ponte de texto que comunique o que sinto?

Porque quando começo a construir a ponte parece que está ali toda a solidez do cimento, mas depois começo a perceber algo estranho e aí vejo: do cimento só tem a areia. E aí a ponte cai, e é preciso apagar tudo e começar do início, do primeiro pilar. Ou, pior, quando concluo a ponte e aí eu olho e ela é torta, e não leva aonde queria que levasse aqueles que se dispõem a cruzá-la.

(“So far, so good”, como dizia uma ex-professora de Inglês, mas sinto que logo vou começar a analisar nivelamento da ponte, e vou ter que destruir e reconstruir algum trecho.)

Claro que qualquer um fica frustrado se não consegue se comunicar, isso é próprio do ser humano. Mas comigo é pior, porque sou um homem das Letras, o meu ofício é ajudar os outros a serem entendidos. Mas como posso conseguir isso para eles se para mim essa habilidade me tem faltado?

Não bastasse isso, eu tenho um medo atroz da incomunicabilidade, da incapacidade de ser compreendido. Nelson Rodrigues disse à esposa que meteria uma bala na cabeça se ficasse cego. E eu acho que faria isso caso ficasse incomunicável, incompreensível, incapaz de dizer que prefiro um travesseiro mais alto ou tenho sede, me comunicando apenas por piscares de olhos. Claro que numa situação assim eu não teria meios para meter a tal bala na cabeça, mas seria minha maior vontade, acredito.

E o poético e o sentimental que quero transmitir ficam no meio do caminho, me frustrando, sempre me parecendo infiéis àquilo que quero expressar, ao que quero externar. Sempre me parecem menos do que podiam ser, prematuros natimortos de uma complicada gestação intelectual.

Como agora, neste malogrado fim de texto, neste repetitivo desmoronamento de ponte comunicante, neste novo aborto de mensagem.

Assim disse Gustavo @ 1:45 AM   2 comentário(s)

terça-feira, 10 de fevereiro de 2009

Úrsula

É uma dessas coisas que a gente não precisa ver para imaginar. Ou, melhor dizendo, basta imaginar para ver.

Úrsula, cronopiazinha de quatro anos, conta o que a mãe lhe fez outro dia e que ainda lhe dói tanto:

"Ela me bateu de chinelo. E de chinelo VERMELHO, ainda!"

(Ela não gosta da cor, e eu concordo: se for pra dar uma chinelada na nossa bunda, que seja com um chinelo de uma cor que a gente goste, tchê!)

Assim disse Gustavo @ 5:30 PM   0 comentário(s)

sexta-feira, 6 de fevereiro de 2009

Desempregado e solteiro

Em algumas coisas, estar desempregado é bem parecido com estar sem namorada. Palavra de quem conhece ambas essas situações há um bom tempo.

Quando se é demitido ou o relacionamento acaba, a gente sempre acha que logo em seguida vai estar numa melhor – seja uma namorada mais carinhosa e mais gostosa, seja um emprego com salário maior e carga horária menor. Mas aí o tempo vai passando, não somos aceitos para as vagas que queremos (sem vagas ou a única vaga já preenchida, porque a gente chegou atrasado), seja em um escritório, seja em um coração.

E é pior quando se vê que a empresa ou parceira anterior já tem substituto pro cargo, assim, antes que a gente tenha conseguido o mesmo. Fica-se pensando: mas, pombas, tchê, não tem mais qualificado que eu! Chegava cedo, saia tarde e ainda fazia sopinha quando ela tava doente.

Se bem que depois dá até um alívio, porque agora é outro que vai ter que agüentar os “não pode”, “não deve”, “não dá” de uma companhia (duplo sentido aqui) que não muda e não avança.

E, mais cedo ou mais tarde, uma vaguinha surge por aí.

Assim disse Gustavo @ 1:22 PM   0 comentário(s)

O Autor

O autor
Nome: Gustavo Ribeiro
Lugar: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Um cara aprendendo com a literatura e as culturas de outros países e do meu. Sempre aprendendo, sempre vivendo como se fosse o último dia.

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