quarta-feira, 18 de julho de 2007

Arrematando!

Como dito, foi feito: concluí a postagens dos textos da cadeira de Leitura e Produção textual. Como da outra vez, são todos os textos publicados na data de hoje, excetuando este, que serve apenas de explicação.

Primeiro, duas reescritas. A primeira foi muito bem avaliada, a segunda nem tanto... Em teoria, faltaria um texto de reescrita, correspondente ao 5º ou 6º tema. Mas as primeiras versões ficaram bons o suficiente para fazer desnecessária a reescrita de um ou de outro. O 7º texto, da definição, não teve reescrita por falta de tempo nas aulas. O semestre chegou ao fim sem que a turma tivesse tempo de reescrever a produção textual para leitura e avaliações em aula.

Sobre a versão preliminar do 7º texto, o próprio post explica a "história" do texto. Mas cabe, creio, uma elucidação: Por que, afinal, apócrifo? Bom, é que o texto não é exatamente meu, então... "não é do autor a quem se atribui", portanto não sendo autêntico, portanto, apócrifo... (É... eu tive de consultar o Aurélio de novo, pra explicar isso detalhadamente...) Essa não foi a versão entregue, então... não me processe, senhor Aurélio Buarque de Holanda Ferreira! Risos!

Espero que gostem dos textos.

Abraços,
Guga

Assim disse Gustavo @ 1:56 AM   1 comentário(s)

Dissertação - Definição (apócrifo)

Estive a ponto de enviar essa "versão" do texto para a professora. Quem me dissuadiu desse intento foi a sempre diligente Musa deste autor. Em verdade, nada mais fiz que copiar do Aurélio a definição de "definição". Teria feito eu mesmo uma definição de "definição", mas o prazo para a entrega era curto, bem como minha paciência. Mesmo assim, talvez eu tivesse feito... De qualquer forma, graças à Nanda surgiu a versão "final" do texto, que viram anteriormente aqui, sobre a própria musa. Sempre ela pra me salvar das enrascadas. Inclusive aquelas em que quase me meto sozinho!


definir
[Do lat. definire.]
Verbo transitivo direto.
1.Determinar a extensão ou os limites de; limitar, demarcar:
definir uma área.
2.Enunciar os atributos essenciais e específicos de (uma coisa), de modo que a torne inconfundível com outra:
definir um losango.
3.Explicar o significado de; indicar o verdadeiro sentido de:
definir um termo, uma expressão.
4.Dar a conhecer de maneira exata; expor com precisão; explicar:
definir uma idéia;
definir uma situação.
5.Manifestar com exatidão; esclarecer:
definir uma posição.
6.Demarcar, fixar, estabelecer:
definir a autoridade;
“O Tratado de 1750 define mais ou menos a configuração geográfica que hoje possui o Brasil.” (Visconde de Carnaxide, D. João V e o Brasil, p. 45).
7.Decidir, decretar:
O Vaticano definiu o dogma da Trindade.
8.Ajuizar o sentido ou o objetivo de; interpretar:
É-me difícil definir a sua visita.
9.Tornar conhecido; revelar:
O comportamento define o caráter.
Verbo pronominal.
10.Dizer o que pensa a respeito de algo; declarar-se, exprimir-se, explicar-se.
11.Tomar uma resolução ou um partido; assumir posição; decidir-se.

Assim disse Gustavo @ 1:37 AM   0 comentário(s)

Relato de uma emoção forte (reescrita)

Eis a segunda reescrita. Pude escolher entre este tema ou Relato de um acontecimento que provocou um aprendizado, e optei por esta por a segunda ter sido mais bem recebida (trocando em miúdos, terem reclamado mais da e criticado mais a minha primeira escrita deste tema). Esse texto recebeu conceito C. E eu até agora não me conformo com essa nota... Está tão ruim assim?!


“Wish I could hold you
The way that I want to
Coz no one, can love you, like I do”

Lemar - “Someone Should Tell You”

Linn diz:
Senti a coisa mais linda da minha vida hoje, mas foi triste...

Blume diz:
Oh, o que foi, amor?

Linn diz:
Chorei de saudade de ti...
Estava no carro, como carona, e o rádio tocava uma música do Lemar. A letra não tem a ver com saudade, fala de um amor ainda não declarado, o que não é o caso do nosso. Mas a voz dele, tão suave e envolvente, melodiosa e o grande vazio de ti que existe dentro do meu curto alcance, fizeram isso pouco importar. As palavras são lógica e a lógica é o que menos importa ao sentimento.

Linn diz:
A saudade desses dias sem te ver é abissal, aterradora, mas, até então, eu conseguira mantê-la sem que o coração transbordasse em lágrimas e elas escorressem pelas janelas da alma. Mas quando a música começou a tocar na rádio, senti que seria muito mais difícil desta vez. Minha tentativa de frear as lágrimas foi tão útil como escorar uma parede com um palito de fósforo.

Linn diz:
E, como o palito, eu me quebrei... Em choro.

Blume diz:
:(

Linn diz:
E as lágrimas, sorrateiras, escorriam. Uma, três, seis. Multiplicando-se como a própria saudade que representavam. Perdi a conta, mas elas corriam sempre juntas, como o caminho de nossas vidas, em par caiam, sempre uma da esquerda acompanhando uma da direita, o que eu nunca tinha sentido.

Blume diz:
Ai, que lindo isso!

Linn diz:
Agora a emoção era tanta que as lágrimas saiam ligeiras, o oposto do tempo, que não passa quando estou longe de ti.

Linn diz:
Respirava fundo, e o motorista não mudava de estação. Entreguei-me e nem quis enxugar os olhos úmidos. Acho que a verdadeira dor não se enxuga.

Blume diz:
E o motorista não disse nada? Nem perguntou se tu tava bem?

Linn diz:
Não. Não fez nada, não disse nada, só continuou olhando para a frente e dirigindo. A emoção de uns não consegue transpassar a insensibilidade de outros.

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Assim disse Gustavo @ 1:13 AM   2 comentário(s)

Apresentação pessoal (reescrita)

O texto abaixo foi feito como parte das avaliações da Disciplina de Leitura e Produção Textual, da professora Daniela Favero Netto. Consiste no primeiro Trabalho de Escrita e Reescrita, agora em segunda fase. Podendo escolher entre dois temas, Apresentação pessoal ou Relato de um cotidiano, optei pelo primeiro.

Olá. Eu... Eu não sei bem o que dizer. Falar da gente é sempre tão difícil, ainda mais numa situação como essa. Peço que tenham paciência, é minha primeira reunião ... encontro... sei lá qual é o termo que usam aqui no A.A. Me desculpem, pessoal, eu “tô” nervoso, e falar do vício é sempre complicado, né?

Eu comecei a me envolver com isso quando era guri. O meu pai sempre consumiu muito esse tipo de coisa, era até banal lá em casa. Ele tinha um móvel envidraçado, e de lá ele tirava o que ia consumir. Quando os amigos mais intelectuais dele iam lá, então eles se enfurnavam no escritório, a portas trancadas... O pai levava pra lá os mais caros, os mais raros, os mais saborosos, os mais aromáticos. Depois saiam de lá inebriados, rindo ou batendo-se como o cachorro da vizinha velha do sobrado no fim da rua e o vira-lata com fuça de chiuaua.

Eu falei do móvel, né? Meu pai nunca me deixou botar a mão naqueles troços... Dizia o velho Leonardo – era esse o nome do meu pai – que aquilo era a perdição e o deleite do homem. Sabe que agora eu entendo ele? Eu me perdi, mesmo... mas naquela época eu achava que era tudo asneira... E de vez em quando eu surrupiava a chave que ele escondia embaixo dos papéis dele, na quarta gaveta dum móvel daquele mesmo escritório, e ia lá me esbaldar. Abria com cuidado pra ele não ver que eu tinha mexido e sentia o cheirinho, que adoro até hoje... Daí pra começar a me impregnar com aquele mundaréu foi um passo, né? Logo eu tava ébrio.

Eu consegui disfarçar bem, nem sei como meu pai não notou. A minha mãe também não. Quando esse vício ia começar a afetar meu desempenho na escola (porque eu tava mais interessado nisso que em estudar), eu já tava me formando. Eu achei que tava livre, mas aí é que piorou... Entrei pra Universidade. Sabe como é, era aquela época do Regime Militar, a gente queria mesmo era fazer o que não podia... Foi aí que comecei a me envolver com coisas mais “pesadas”. Era coisa vinda de nem sei onde, de nome esquisito... mas eu consumia mesmo assim. E, claro, o baseadinho era freqüente.

O meu curso desandou, nem preciso dizer. Eu entrei fazendo Letras, acabei na Filosofia, depois de passar até pela Economia. Eu não tava nem aí pras aulas, mesmo... Por isso não tinha nem como me interessar pelo que quer que fosse. Tava mais pras minhas atividades “extracurriculares”. O meu vício era tudo, me enchia com o ânimo e a excitação que as aulas de Lingüística, Estatística ou Pensamento Grego me tiravam. Me entocava no DCE, CEL ou onde quer que eu coubesse e ficava lá, curtindo a ébria sensação... Já tinha um pessoal viciadinho lá, pra dizer o mínimo. Não tardou a nos organizarmos.

A produção inicial foi pequena e de baixa qualidade. Mas ainda assim, os alunos consumiam. Já tava chegando o fim da linha pra mim na faculdade quando estouramos e nosso “comércio” ficou grande. Vendíamos à luz do dia o que produzíamos ao breu da noite, no meio da fumaça da nossa “sede”, que mais parecia o tal do fog londrino... E mais: Até o Reitor deu uma conferida! Eu consegui reingresso e azucrinei mais um tempo lá.

Depois eu trabalhei longe de lá. Me juntei com uns caras bacanas e fazíamos os produtos juntos. Mandávamos pra um intermediário que vendia, porque na verdade a gente não entendia muito da venda, sabe? Fazíamos e consumíamos.

Comecei a ganhar algum dinheiro. O suficiente pra constituir família e dar pra ela um lar decente. Minha mulher tinha até trabalhado comigo na época do campus, mas ela não sabia que eu era tão viciado, assim. Eu confesso que até eu me assusto quando eu penso em que nível chegou a minha obsessão. Eu me trancava num escritório, como o do meu pai (o fruto não cai muito longe da árvore) e lá eu me saciava. E, mesmo não precisando mais dinheiro, produzia também. Mas eu queria silêncio, quietude na casa toda... É que eu não agüentava a hipótese de perder a menor das sensações que aquele “transe podia me dar”.

Dia desses, me encontraram desmaiado no escritório, babando nos papéis de cima da mesa. Aí eu me dei conta que precisava mesmo de tratamento urgente, que essa obsessão pode destruir minha vida se eu não me livrar dela.

Espero que todos aqui me recebam bem, apesar de eu ser estranho, no A.A. – Autores Anônimos.

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Assim disse Gustavo @ 12:28 AM   0 comentário(s)

quinta-feira, 12 de julho de 2007

Botando em dia...

Resolvi atualizar tudo o que estava na fila para ser publicado, de uma vez só! São quatro escritas para a cadeira de Leitura e Produção Textual que fiquei devendo anteriormente. Em breve, as reescritas e - talvez - uma versão "apócrifa" da definição!
(São todos os textos publicados na data de hoje, exceto este.)

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Assim disse Gustavo @ 2:59 PM   0 comentário(s)

Dissertação – Definição

Este texto foi feito como parte das avaliações da Disciplina de Leitura e Produção Textual. Consiste no sétimo Trabalho de Escrita e Reescrita, primeira fase

Não se pode definir o que não se conhece bem. Mas também não se pode definir algo que todos saibam o que é. Poder, até pode-se, mas não faria sentido na presente situação ater-me a definir o que é uma caneta, ou uma mesa. Seria simples, rápido, limpo. Mas chato. Por isso, eu decidi não fazer dessa definição puramente uma explicação. Tomei uma figura e a definirei como é para mim, o que me significa: a musa.

A musa é mulher que inspira, e isso é certo tanto na mitologia, como no uso da palavra com sentido figurado e como para mim. A minha musa inspira-me não só a composições (muito aquém da grandeza de seu delicado ser, a bem da verdade) como a mais. Inspira-me a acordar e a dormir e só pensar nela e agir pelo bem dela nesse entrementes. E isso é por seu poder divino. Não sei se ela, como Calíope, Clio, Érato, Euterpe, Melpômene, Polímnia, Tália, Terpsícore e Urânia é filha de Zeus, mas esse poder, essa mágica magnética que emana dela é um sinal de sua divindade.

Minha musa é graça, é charme. E sinceridade. Apareceu-me “do nada” e deu-me tudo e de tudo. Sempre a encontrarei bela e santa, como Beatriz, mas não precisarei cruzar o Inferno e ver os horrores que viram os olhos de Dante. Por si só, transformou minha vida em Paraíso sem passar por Purgatório. É inebriante e mais: obsedante. Faz-se sempre presente, com seus poderes indecifráveis, em minha mente, em minha pele. O gosto de sua boca fica comigo por mais tempo, como eco de tudo de meio sobrenatural que dela verte. Ela é o próprio sentido de minha vida. Novamente, ao contrário da literatura, ela não é Charlotte para mim se eu for Werther. Ela é sempre a vida e suas forças naturais, jamais o mal, jamais a morte.

A musa, a minha musa, inspira mais que arte: inspira em mim o próprio gosto pela vida.

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Assim disse Gustavo @ 2:50 PM   0 comentário(s)

Dissertação – Classificação

Este texto foi feito como parte das avaliações da Disciplina de Leitura e Produção Textual. Consiste no sexto Trabalho de Escrita e Reescrita, primeira fase.

Críticos de Texto

Os críticos de texto são uma espécie muito ampla e confusa, subdividida e fracionada, o que dificulta sua classificação. Trataremos, portanto, apenas das subdivisões mais comuns e presentes no “ecossistema” acadêmico.

A primeira variedade (também chamada subespécie) compreendida entre os críticos de texto refere-se aos extremamente zelosos. Tão zelosos a ponto sequer desempenharem com propriedade a função a que se propõem. Ao lerem um texto e avaliarem-no, por mais que os desagrade, hão de citar apenas os pontos positivos. Caso o texto não os possua, chegarão ao extremo de inventá-los. Tal comportamento peculiar é prejudicial, visto que apenas a compreensão das falhas leva à melhoria das mesmas. São seres singularmente dissimulados, e temem que suas críticas sejam mal interpretadas, causando a frustração do autor.

A segunda variedade é menos numerosa, porém muito mais daninha. Sua daninheza reside justamente em seu modus operandi, contraposto ao da primeira variedade. Ainda que estes indivíduos possam utilizar-se do elogio às qualidades demonstradas pela obra alheia, o fazem apenas como subterfúgio. Tal qual certos predadores envolvem a vítima com sedução (escamas coloridas, canto mavioso, etc.), aos elogios sucede a crítica intolerante. Intentarão aviltar justamente o cerne da obra, seu sentimento mais profundo, seu pilar, seu sustentáculo, com algum veneno injetado em sua veia literária, tal qual “não vi emoção nenhuma aí!” ou algo tão ou mais carente de tino. Essa substância tóxica pode causar o falecimento do eu prosaico e/ou lírico do autor. Não são, em verdade, pertencentes ao mesmo Gênero que as outras divisões, tratam-se de criaturas um tanto híbridas, anômalas. Encaixam-se melhor no Gênero Idiotae, que merece uma biblioteca para si e, por conseguinte, mereceriam estes uma enciclopédia própria. Encontram-se aqui por questões de hábitos semelhantes.

A terceira e última subespécie, quase tão extinta quanto a Rã-pintada-da-palestina e muito mais ameaçada de extinção que o Panda-gigante, compreende os críticos ponderados porém sinceros. Cada vez mais raros, esses exemplares alcançaram o equilíbrio entre zelo e crítica objetiva. Contribuem imensamente para a evolução textual, mas são presa fácil dos venenosos da espécie, tão cáusticos a ponto de ferir (até mesmo mortalmente) inclusive os próprios “irmãos”. Não fosse a presença corrosiva dos daninhos que os intoxica e a apatia mascarada como simpática dos zelosos que nada faz, existiriam mais deles, a pular de árvore em árvore literária, colhendo os frutos da boa escrita e do diálogo que visa a melhoria.

Outras variedades existem. E, com sorte, hão de pronunciar-se agora sobre este modesto tratado descritivo.

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Assim disse Gustavo @ 2:36 PM   1 comentário(s)

Dissertação – Comparação

Este texto foi feito como parte das avaliações da Disciplina de Leitura e Produção Textual. Consiste no quinto Trabalho de Escrita e Reescrita, primeira fase.

Resenha-combate

As duas surgiram mais ou menos na mesma época (até a metade da primeira década dos “anos 2000”), cada uma mesclando com o pop um estilo menos popular: o Jazz e o Soul. Com nomes como Billie Holiday e Ray Charles como referências nesses filões musicais, a tarefa de se tornar artista marcante era um desafio. Ambas alcançaram seu terceiro disco. Damas e cavalheiros: Norah Jones e Joss Stone e suas produções musicais mais atuais.

Surgidas como possíveis salvações para o degradado pop, por suas vozes poderosas e por resgatarem estilos poucas vezes tocados nas rádios ou exibidos nas televisões, Jones e Stone tiveram começos bastante parecidos. Cada uma com suas habilidades vocais e formações e influências musicais (Jones, por exemplo, é filha do músico indiano Ravi Shankar, amigo de George Harrison). Jones acabou por diversificar mais suas produções musicais, inclusive gravando um disco de Folk com amigos músicos, ao passo que Stone continuou a fazer sua mescla de Sol com Pop com muita propriedade e qualidade. Bom, assim as coisas eram, até os lançamentos dos terceiros CDs de Norah e Joss.

“Not too late”, de Norah Jones, é um disco límpido e cristalino. Em suas 13 faixas, a nova-iorquina nascida no Brooklyn canta sobre amor, desilusão, saudade, coisas que afundam e até uma bem colocada crítica ao presidente de seu país, sem incorrer em expor sua posição política. Sua voz, que usa sem excessos ou exageros envolve as letras como uma fina seda cobre um corpo feminino curvilíneo, e tudo isso acompanhado de arranjos impecáveis. Cinco estrelas para este disco!

“Introducing Joss Stone” nem de perto fez tão bonito. Com 14 faixas, está cheio de exageros vocais, batidas excessivamente hip-hop, e toda a sorte de recursos musicais que cantoras mais “popescas” como Christina Aguilera e Britney Spears costumam lançar mal. Se foi intencional, Joss entendeu mal... essa fatia do mercado está saturada e ela tem capacidade para mais. O conteúdo da maioria das letras é o clássico: amor e decepção amorosa. A faixa mais interessante é “Music”, mais pela participação da ex-vocalista do Fugees, Lauryn Hill, do que por qualquer responsabilidade de Joss. É uma canção de declaração de amor à música, como se fosse ela um ser humano. Para este disco, uma estrela: A de Lauryn Hill. As de Joss, parecem ter apagado.

Sim, pois a exemplo da voz, convém não exagerar no uso de sua “estrela”, pois ela pode se apagar e, então, se exaurir.

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Assim disse Gustavo @ 1:51 PM   0 comentário(s)

Relato de um acontecimento que provocou um aprendizado

Este texto foi feito como parte das avaliações da Disciplina de Leitura e Produção Textual. Consiste no quarto Trabalho de Escrita e Reescrita, primeira fase.

Aquele jogo de malucos...


No ano 2000 muitos acreditavam que o mundo acabaria. Previsões de Nostradamus, referências bíblicas, certa histeria em algumas pessoas. E eu... Bem, eu tava nem aí pra isso. Por que se tinha gente achando que naquele ano se daria o fim do mundo, eu conheci um novo mundo.

Freqüentava bastante a biblioteca do colégio, lugar que as turmas de alunos mais jovens freqüentavam pra brincar de pega-pega ou pra ver quem gritava mais. Não tinha muito que fazer lá, era difícil ler algo longo por causa do barulho da piazada correndo em volta das estantes de livros maltratados. Mas um dia eu vi algo excepcional: três colegas sentados em volta de uma das mesas redondas do lugar, rolando alguns dados. Não pareciam jogar General ou qualquer desses jogos de dados que nunca aprendi a jogar. Tinham alguns papéis, embaixo dos braços cruzados. Eu me aproximei, curioso que sou, e eles – que então não eram exatamente meus amigos, mas conhecidos – me fizeram o convite:

– Quer jogar RPG com a gente?

Eu nem sabia direito o que era esse tal de RPG. Tinha ouvido falar que era um jogo e sabia que a hoje extinta loja Planeta Proibido, no centro de Porto Alegre, vendia alguns desses jogos. Tinha também a memória de ter visto um desses livros numa antiga novela da Rede Globo. Uma atriz, que não lembro quem era, mas que na trama era filha do personagem do Humberto Martins, lia um tal de “Cyberpunk 2020”. Mas parava nisso. Eu tinha escutado – ou imaginava – que era um jogo altamente complexo, que exigia muito daqueles que nele tomavam parte. Eu fiquei com certo medo. Não, não de ser assassinado. Naquela época ainda não se ouvia falar de “rpgistas-assassinos”. Mas os caras insistiram tanto, tanto, dizendo que me ajudariam a compreender o troço, que eu acabei cedendo.

Entrei no jogo e aos poucos iam me explicando como era esse negócio de jogar sem um joystick, teclado, mouse e de ter que imaginar o que acontecia naquele mundo, em lugar de ver com os próprios olhos. Parecia muito estranho no início. Eu, sempre apelando ao “tanto faz” como resposta pras perguntas mais banais (acho que por insegurança) fui aprendendo a fazer escolhas no meio do jogo. Ah, e aqueles papéis eram as descrições dos atributos dos personagens. Quando se cristalizou em mim a noção de que era um jogo com muito mais liberdade que um videogame e que um livro de romance (não se fica preso ao enredo pré-definido. Interpretando um Romeu eu poderia mudar o fim trágico da obra Shakespeare, desde que tivesse idéias para tal) eu vi todo o potencial de um jogo de interpretação e passei a adorar aquilo. Nunca mais gráficos pré-definidos seriam limite pra um movimento, nunca mais ficaria preso somente aos desejos de um autor. Descobri que o RPG tratava-se, enfim, do ato de contar histórias de maneira coletiva e conjunta. Aprendi que não tinha nada de difícil, que é o mesmo que propor uma série de hipóteses interligadas a alguém, que vai responder de acordo com o que é, o que sente, etc. A diferença é que o mundo era de fantasia, e o caráter do personagem, forjado.

E aí, tempos atrás, uns moleques malucos matam alguém lá não-sei-aonde e, por que acharam um livro de RPG no meio da bagunça do quarto de um deles, usaram o jogo como bode expiatório. RPG virou coisa do demônio. Em 1969 o Charles Manson fez duas chacinas, alegando que a canção Helter Skelter, dos Beatles, lhe enviara mensagens subliminares ordenando os atos. Também na época alguém botou a culpa na arte. Cada um vê o seu “fim do mundo” onde quer. Eu o vejo quando se culpa a arte pela bestialidade. Tá aí uma outra lição pra alguém aprender...

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Assim disse Gustavo @ 1:43 PM   0 comentário(s)

O Autor

O autor
Nome: Gustavo Ribeiro
Lugar: Porto Alegre, Rio Grande do Sul, Brasil

Um cara aprendendo com a literatura e as culturas de outros países e do meu. Sempre aprendendo, sempre vivendo como se fosse o último dia.

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